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Tudo que você precisa saber sobre amamentação e cuidados com o bebê

Camila Gray/UOL
Imagem: Camila Gray/UOL

Beatriz Zogaib

06/06/2024 17h40

Juntamos todas as dicas de amamentação e cuidados com o bebê que aparecem nas newsletters de Materna neste texto, assim você consegue tirar suas dúvidas de forma simples, completa e organizada.

O bebê chegou, como será a recuperação e a amamentação?

Se déssemos uma única resposta, estaríamos mentindo, afinal não há como prever e cada recuperação dependerá das características pessoais de cada mulher, do tipo de parto e até mesmo do processo de amamentação. Uma coisa é certa: você irá sangrar por até quatro semanas: apesar da diminuição gradual desse fluxo, ele deve desaparecer mesmo por volta de 40 dias após o parto, mesmo tempo para que as cicatrizes entrem na fase final de cicatrização (tanto em casos de episiotomia quanto de cesárea). Prepare-se para sentir cólicas, especialmente ao amamentar: seu útero estará contraindo para voltar ao tamanho normal, e as mamadas - que estimulam a liberação de ocitocina - intensificam as contrações para que o tamanho do órgão diminua progressivamente durante as duas semanas seguintes. Finalizado o período de sangramento pós-parto, quem estiver amamentando exclusivamente demora mais para menstruar (de três meses a um ano ou mais).

Por falar em amamentação, é bacana saber que nem sempre flui como imaginado: nada de pânico, mas é legal sim entender e até esperar passar por alguns desafios, especialmente no início, como a dificuldade do recém-nascido em realizar a pega no seio da mãe ou até mesmo a sua insegurança em relação às mamadas. Tenho leite suficiente? Ele está com fome? Meu leite está empedrado? O melhor é se informar a respeito de tudo que pode vir a acontecer para ficar o mais tranquila possível e saber quando pedir ajuda. Uma boa ideia é contar com ajuda da doula: ela mesma já irá te orientar sobre amamentação e fará isso inclusive na golden hour, aquela primeira hora de ouro do bebê. "A doula também pode realizar uma visita domiciliar no pós-parto para saber como foram os primeiros dias. A comunicação é diária, via WhatsApp, com todo o cuidado e acompanhamento de forma remota também", conta a doula Viviane Bon Campos, também consultora de amamentação.

Aliás, ter uma profissional especialista no aleitamento materno pode ser uma boa, pois boa parte da sua recuperação passará pela adaptação da mecânica da mãe e do bebê nesses momentos. Não é incomum sofrer nos primeiros dias com fissuras no bico, por exemplo. "A consultora é capaz de avaliar a boquinha do bebê, os seios da mãe, o bico (se é invertido ou plano), e usar um aparelho de laser para esses desconfortos mesmo antes da apojadura, que é a descida do leite", explica Viviane. Essa é uma das profissionais que conseguirá indicar a necessidade de uma consulta com uma odontopediatra ou fonoaudióloga.

E meu corpo, como fica? Não se preocupe com a forma física, mas foque na alimentação saudável, essencial para a amamentação e para sua disposição - e saiba que a prática de exercícios físicos aeróbicos podem ser retomados cerca de 40 dias pós-parto, com autorização médica. Mas não exija demais de si mesma; seu peso vai voltando aos poucos, e é normal demorar até um ano para sua pele voltar à tonalidade natural nas áreas em que ficou escura, ou seus órgãos internos retornarem ao seu volume normal. Cuide de seu emocional, ele precisará de carinho. Seus hormônios podem fazer com que sinta o baby blues, caracterizado por tristeza sem motivo, choro, angústia? Essa espécie de "luto" da gestação chega quando você está no conforto do seu lar, mas passa em poucas semanas. Se não passar em até dez, converse com seu médico: uma em cada quatro mulheres têm depressão pós-parto - com sintomas semelhantes, mas duradouros - que pode aparecer até 24 meses após o parto e precisam de tratamento. "Se não tratada, a depressão pós-parto vai até 24 meses, recorre em outros momentos e infelizmente no climatério a mulher vai sentir a mesma dor", explica a ginecologista obstetra Ana Paula Junqueira.

Preciso de uma consultora de amamentação?

Você mesma pode entender se precisa - desde que saiba exatamente o que essa profissional faz. Em primeiro lugar, saiba que não é uma profissão regulamentada (assim como a da doula), mas que é desejável que ela tenha uma base na área da saúde. Essa é a pessoa capaz de te ajudar não apenas na hora da amamentação, mas antes mesmo de chegar esse momento, através de um pré-natal de amamentação, no qual você recebe todas as informações que precisa e pode ter ajuda para o devido estímulo em casos de risco de insucesso do aleitamento materno: é possível coletar e estocar o colostro, por exemplo, em caso de redução de mama quando há uma reestruturação da mama. A consultora ainda é quem pode ajudar a identificar se ductos mamários conseguiram se reconectar, se tem glândula mamária suficiente ali, deixando a gestante mais segura e pronta para amamentar e/ou ordenhar o próprio seio. Em casa, é a consultora de amamentação quem vai te ajudar nas primeiras mamadas, a lidar com o bico do seio rachado, com leite empedrado, com a pegada do bebê na hora de mamar. "Eu, como consultora, gosto de fazer a visita ainda em ambiente hospitalar, antes da apojadura, a descida do leite, porque vejo como está a pega e a mamada, e ajudo a fazer o manejo, além de avaliar a boquinha do bebê, o bico (se é invertido ou plano), há o laser que ajuda nos primeiros desconfortos das primeiras mamadas?"

Como preparar o filho mais velho para a chegada do bebê?

"Depende da idade, se for mais velho, o diálogo é mais aberto, se for mais novo, é mais lúdico. Agora, sendo mais velho ou mais novo, existe algo importantíssimo na chegada desse irmão é jamais, nunca romantizar a chegada desse irmãozinho ou irmãzinh", afirma a terapeuta integrativa Michelle Occiuzzi, especialista em comportamento materno. Fato que nós, adultos, tentamos maquiar a realidade para o filho mais velho, e não é o ideal. "A realidade é que um irmão está chegando e isso não é legal para o mais velho? Ele não vai receber um amigo, vai chegar um bebê que só chora, consome o tempo dos pais e não fala", lembra a terapeuta. A pediatra Daniela Anderson orienta ainda a começar todas as adaptações para receber o novo membro da família, do concreto para o abstrato, ou seja, da decoração do quarto ao ingresso do mais velho na escolinha. "Todas as mudanças já devem ser feitas ainda na gravidez, pelo menos um mês antes, porque senão fica muita coisa para a outra criança lidar", recomenda. Tendo isso em mente, saiba que fazer.

  • Antes do parto: é interessante explicar como será essa realidade, contando que o bebê chega pequenino, chorando, não falando, dormindo muito, precisando de colo e de atenção. Não precisa fazer desse momento algo pesado, pelo contrário. Vale perguntar para a criança o que ela gostaria de fazer com você enquanto o recém-nascido não chega, listar atividades divertidas para aproveitarem o tempo juntos e colocar isso em prática. Aproveite para começar as transformações concretas e abstratas agora também
  • Depois do parto: pode conversar com o mais velho sobre seu cansaço, mostrar que você também está cansada e sentindo falta de algumas coisas, assim ele não se sente mais excluído, nem culpado por sentir algo, e entende que faz parte do grupo.
  • Em qualquer momento: não esqueça e nem deixe seu filho ou filha esquecer de que o período de maior demanda do bebê é uma fase passageira e especial, inclusive para a relação de todos com o novo integrante e para a construção da amizade entre os irmãos.

Preciso consultar um pediatra antes do parto?

"A recomendação é que sim", responde a pediatra Daniela Anderson. E a razão disso é simples: você já poderá conhecer alguns profissionais e escolher quem irá te acompanhar nos próximos anos, podendo inclusive já ir estabelecendo essa conexão e recebendo orientações que a deixarão segura. "Antes que o caos do puerpério se instale, a mãe já tem um pediatra de referência."

Deixando o enxoval do bebê pronto: como lavar e... precisa passar?

Lave todas as roupas com sabão líquido neutro, mas - se preferir, pode usar sabão líquido de coco ou outro que seja específico para bebês. Além disso, tem outros cuidados simples, mas que fazem a diferença para evitar incômodos ou irritações na pele do seu recém-nascido. "Corte as etiquetas, elas podem incomodar e ferir a pele sensível do bebê? Caso utilize secadora, não precisa passar? Caso estenda em área externa, passe", orienta a pediatra Daniela Anderson.

Como preparar o pet para a chegada do bebê?

Se não começou a prepará-lo, não espere para começar já, pois o ideal é que esse processo de adaptação seja feito antes do parto. "E quando é animal que tem o hábito de dormir na cama, o ideal é que já se desvencilhe desse hábito, mesmo que você não vá fazer cama compartilhada", aconselha a pediatra Daniela Anderson. Vale comprar uma caminha nova para ele e biscoitos que reforcem positivamente conforme ele for se adaptando. Se o pet passeia pela rua, a especialista recomenda comprar sapatinhos para ele usar nos passeios ou limpar as patinhas com água e sabão sempre que voltar - e manter esse hábito de agora em diante. Quando estiver na maternidade, a dica é pedir que alguém próximo leve uma peça já usada do bebê para seu animal cheirar, assim ele irá se acostumar mais fácil com a presença do pequeno. Chegando em casa, deixe que ele chegue perto e cheire o novo integrante, mas só permita o acesso ao recém-chegado com a sua supervisão, combinado?

Furar ou não furar a orelha do bebê?

"É uma escolha muito particular da família e leva em conta questões culturais", observa a pediatra Daniela Anderson. Segundo ela, se essa for a sua vontade, o ideal é aproveitar as primeiras semanas mesmo, pois quanto mais jovem o bebê, mais maleável o tecido do lobo da orelha e mais "fácil" o procedimento. "Se essa for a opção de sua família, procure uma enfermeira habilitada", recomenda.

Cuidados e mudanças na relação com os pets

Quem tem pet sabe: eles sentem qualquer mudança, até no nosso humor, e a chegada de um bebê vai trazer novos hábitos e horários, o que vai acabar afetando o animal de alguma forma. Para começo de conversa, ele pode se sentir excluído, como um irmão mais velho. "Ambiente esse pet para ele não ter ciúmes do bebê", aconselha a pediatra Daniela Anderson. Para isso, comece o processo de adaptação durante a gravidez, deixando por exemplo seu pet dormir perto da sua barriga durante o dia. Mas, se ele está acostumado a dormir na sua cama, o melhor a fazer é já habituá-lo a descansar em outro local, deixando sua cama limpa e pronta para a nova fase. Seja para cama compartilhada com o recém-nascido ou para outros momentos que, acredite, sua cama será o lugar escolhido. E quem sabe não é bacana pensar em um cantinho especial no quarto do bebê para o animalzinho acompanhar mamadas e trocas de fralda? "A gente já projetou quarto de bebê com uma cabaninha ou uma caminha mais retrô e fica lindo", conta a arquiteta Natália Castelo, especialista em arquitetura infantil.

Vai precisar de creche ou babá? comece a pensar em opções

Não se engane, você pode precisar de creche ou de babé mesmo se não precisar voltar a trabalhar após a licença-maternidade. Se tem um filho mais velho, se cuida dos seus pais de alguma forma, se tem um parceiro que viaja muito a trabalho? Essas podem ser situações que te levem à necessidade de ter uma ajudinha terceirizada nos cuidados com o bebê. Mas o que é melhor: creche ou uma babá? A decisão não é fácil, mas saiba desde já que não tem certo e errado: cada escolha traz vantagens diferentes e é preciso pensar em qual se adequa melhor à realidade da sua família. Lembrando que existem creches públicas (onde se gasta apenas com itens de cuidado e alimentação da criança) e particular (com custo mensal, porém com possibilidade de oferecer horários mais cômodos).

Da mesma forma, você pode contratar uma babá exclusiva ou contar com uma cuidadora comunitária, como uma vizinha. O que você não pode deixar de fazer já é refletir sobre sua necessidade, até porque você pode não precisar dessas alternativas, mas contar com amigas e familiares alguns horários para ter tempo para você. "Olha para a sua rede de apoio e para o seu relacionamento. Se você não tem rede de apoio, fica muito difícil. Essa construção precisa ser feita", acredita Marina? E não se engane achando que todo mundo vai querer ou mesmo poder te ajudar; às vezes aquelas amizades que você mais conta hoje são as que só aparecerão para selfies com o recém-nascido. "É hora de fazer a faxina nos relacionamentos, construir novas relações, e é muito incrível como mulheres viram melhores amigas de outras por conta dos filhos", observa Marina.

Livros, filmes e séries

Livro de cabeceira: A encantadora de bebês resolve todos os seus problemas - Ensina como agir com os seus filhos desde as primeiras semanas de vida até os primeiros anos da infância, com técnicas que facilitam o dia a dia

Livro de cabeceira: O bebê montessori, Guia para criar bebês com amor, respeito e compreensão - Um passo a passo que mostra como desacelerar e ter um ritmo adequado para ajudar o bebê a construir confiança em si próprio, no ambiente, e em nós.

Livro de cabeceira: A ciência dos bebês, da gravidez aos 5 anos - Aliando sabedoria científica com a vivência de pai, o especialista em desenvolvimento cerebral John Medina revela como as mais recentes descobertas nas áreas da neurociência e da psicologia podem ajudar os pais

Livro de cabeceira: O quarto trimestre - Já pensou na importância dos três primeiros meses do bebê fora do útero? O livro mostra como o pós-parto é um momento decisivo e transformador, para o qual muitas mães não estão preparadas.

Série para desanuviar: Turma do peito - Uma viagem tragicômica pelo desafio de criar um novo ser sem manual de instruções. A série australiana traz choro, junto com o leite derramado e confronta a romantização da maternidade em sete episódios.